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MEDIA CAPITAL NA BOLSA DE VALORES - ENTREVISTA DE MIGUEL PAES DO AMARARAL AO EXPRESSO

A entrar dentro de um mês na Bolsa de Valores, Paes do Amaral concedeu uma entrevista ao Expresso (conduzida por Ana Serzedelo e Pedro Lima). O encaixe previsto é da ordem dos €250 milhões. Desaparecerá a quase totalidade dos 37% do fundo Hicks Muse Tate & Furst (entrado em Setembro de 1999, momento fundamental para o controlo da TVI), enquanto se manterão os 40% da Media Capital e os 23% dos columbianos da Bavaria. Em 2003, o grupo teve receitas de €200 milhões e um EBITDA de €36 milhões. A dispersão de capital na Bolsa será uma oportunidade de expansão e trará a dimininuição da dívida de €170 milhões para 120 milhões.

A Media Capital - como já escrevi neste sítio - é um grupo de media diversificado, actuando nas actividades de televisão e produção televisiva, rádio, outdoors e internet. Começou na imprensa, nomeadamente a económica, mas acabou por vendê-la à Recolectos, ao passo que o semanário Independente foi comprado pela actual directora.

A entrevista é importante no que toca à análise da concorrência. E o presidente da Media Capital aponta dois alvos. O primeiro é a rádio. Para Paes do Amaral, a actual lei serve apenas os interesses da Renascença. Desde há muito que Paes do Amaral acha que o limite de cinco frequências (lei da concentração) é escasso para quem pretenda investir nos media. A Media Capital já atingira esse limite [Rádio Comercial, Rádio Clube Português, Cidade FM, Best Rock e Romântica FM]. Curiosamente, estas afirmações são publicadas no momento em que mais duas frequências [Luna e Voxx] são compradas pela Media Capital (através de Nobre Guedes). O que quer dizer que a lei está morta, ou a Autoridade da Concorrência e a Alta Autoridade para a Comunicação Social estão desatentas. Aliás, em livro publicado já este ano, sobre propriedade dos media, Elsa Costa e Silva (Os donos da notícia), escreveu sobre a benevolência da aplicação da legislação nacional. Ela estava a pensar exactamente na Media Capital.

O segundo alvo é a PT, líder do mercado de internet de banda larga. A suspensão do serviço por parte da Media Capital tem a ver com a dificuldade de concorrência. Paes do Amaral diz que "existe uma pressão do mercado e das autoridades para não afectar muito o negócio da PT". Eu compreendo esta segunda parte, mas tenho dificuldades quanto à primeira. Sendo o mercado livre, como se pode falar da pressão do mesmo em favor de uma só empresa? Aliás, no mesmo caderno do jornal, surge uma notícia informando a próxima campanha da Novis e da Clix, destinada a combater, pelo preço e pelo serviço, a PT.

Sobre a audiência no mercado de televisão - a TVI representa dois terços da facturação do grupo -, Paes do Amaral considera como objectivo a permanência na zona dos 30 a 35%. No prime-time, onde se concentra a parte mais substancial do investimento publicitário, ele quer manter a TVI nos 35 a 40% de mercado. Claro que um valor muito elevado no day-time não acarretaria aumentos de publicidade. Quanto à internacionalização, confirma o que se tem lido: a venda de formatos produzidos pela NBP para a América do Sul e países de leste, enquanto se desenvolve a estratégia de alargar para o Brasil e Espanha.



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