Coisas e Coisas
MODA E MODERNISMO
Esta mensagem foi convocada pela leitura do livro de Linda Watson (Siglo XX. Moda), muito recentemente traduzido para castelhano. Trata-se de um magnífico texto, que abrange áreas tão diferentes como a história, a sociologia, a antropologia e a estética. O que se segue são apontamentos ou citações de livros e textos avulso que li recentemente. Havendo tempo, gostaria de voltar à matéria, ou estimular quem o queira fazer.
1) Anos 1910, Arte Deco, Anos 1930
A década de 1900 a 1910 é a fase culminante do Modernismo. Os tecidos e os bordados surgem decorados com desenhos estilizados em linhas curvas e sinuosas chamadas "coup de fouet". A mesma linha pretende dar-se ao corpo feminino, deformando-o num perfil em S mediante o corpete e a cauda do vestido (comparar com capa da revista
Vogue, de Março de 1909).
Mas, rapidamente, altera-se o vestuário feminino: a figura torna-se rectílinea e o vestido fica cortado ao nível do tornozelo. A Primeira Guerra Mundial, com a forçada incorporação massiva da mulher no trabalho fora de casa, impulsionou a simplificação e as formas práticas da roupa feminina.
A Arte Deco é um momento chave para a indumentária feminina. elimina-se definitivamente a cauda, o vestido encurta e a figura torna-se andrógina, sem formas. Os anos 1930 são o regresso à cintura no seu lugar natural. O vestido alarga-se deixando ver as pernas e os ombros alargam-se. Há uma militarização progressiva do vestido por influência dos acontecimentos políticos. Entre 1938 e 1939, sintetiza-se a fibra poliamida 66, conhecida pelo nome de nylon
[a partir de texto policopiado do Museu Tèxtil i d'Indumentària, de Barcelona].
2) Coco Chanel
"Em 1926, lança o
petite robe noire, como ainda hoje é chamado. Esse vestido simples e justo, em crepe preto, com mangas compridas e ajustadas, que tapa o joelho, tornar-se-á um uniforme, «um
Ford assinado Chanel», profetiza a revista americana
Vogue, que ousa uma comparação com a indústria automóvel e vê nele o incentivo à estandardização, a prefiguração de uma nova sociedade em que o mesmo vestido agradará a um número cada vez maior de mulheres"
[Isabelle Fiemeyer (2002). Coco Chanel. Um perfume de mistério. Lisboa: Bizâncio, pp. 99-100].
3) Hollywood versus Paris
"Hollywood conseguia a sua última sedução: o estilo em movimento. A perfeição visual conhecia a beleza eterna no ecrã. Não havia melhor suporte para a moda. Paris mandara durante séculos, agora Hollywood estava pronta para dominar o mundo. [...] Durante os anos 30, a
Vogue fez malabarismos com temas sobre inovação e ideias com Paris numa mão e Hollywood noutra, dando crédito semelhante aos dois lados. A
Vogue informava sobre as colecções de Paris, incluia cenas do vestuário da última película de Greta Garbo e identificava as pessoas influentes da indústria do cinema. Paris trabalhava por temporadas, Hollywood ia anos à frente; Paris inspirava-se na técnica e na tradição, Hollywood em guiões e belezas do ecrã. Ambas trabalhavam sobre os princípios da ilusão"
[Linda Watson (2004). Siglo XX. Moda. Edilupa, p. 52] [na imagem, a capa da revista Life, de Abril de 1927].
4) Moda e corpo
(modelos expostos no Museu Tèxtil i d'Indumentària, de Barcelona)
"A moda está pensada para o corpo: é criada, promovida e levada pelo corpo. A moda dirige-se ao corpo e este último é o que se veste em quase todos os encontros sociais. No Ocidente, e cada vez mais fora dele, a moda estrutura a maior parte da nossa experiência de vestir, ainda que, tal como exponho neste livro, não seja o único factor que influi na vida quotidiana, posto que outros factores, como o género, a classe social, os rendimentos e a tradição também influem"
[Joane Entwistle (2002). El cuerpo y la moda. Una visión sociológica. Barcelona, Buenos Aires e México: Paidós, p. 13] .
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