Coisas e Coisas


THEODOR ADORNO VISTO POR LAURA PIRES

Como escrevi recentemente no blogue, a professora Laura Pires editou um livro muito importante - porque também pedagógico -, intitulado Teorias da cultura, em edição da Universidade Católica Editora.

Comecemos por citar a sua primeira definição de cultura: "refere-se aos componentes simbólicos e aprendidos do comportamento humano, tais como a língua, a religião, os hábitos de vida, e as convenções. Sendo o oposto do instinto, é muitas vezes considerada como aquilo que distingue o homem do animal. No âmbito desta perspectiva, cultura, que apenas o Homem possui, corresponde ao desenvolvimento intelectual e a um refinamento de atitudes" (p. 35). Páginas depois, a autora enumera as principais características da cultura: 1) simbólica, 2) aprendida, 3) partilhada.laurapires.JPG

E, mais à frente, ela escreve sobre as duas culturas, a das ciências exactas e a das ciências sociais e humanas. De uma forma geral, considera Laura Pires, "na Universidade passou a recompensar-se a especialização mais do que qualquer outra actividade, dando-se, assim, relevo às disciplinas de especialidade, que desenvolvem metodologias próprias" (p. 55).

Theodor Adorno

A autora e professora da Universidade Católica divide o seu livro em três grandes temas: modernismo, iluminismo e pós-modernismo. É neste último sector que encontramos um grande desenvolvimento do pensamento de Adorno (pp. 139-143). Theodor Wiesengrund Adorno (1903-1969) foi um filósofo alemão que escreveu sobre sociologia, psicologia e músico. Mas também crítico literário e compositor. Tornou-se "conhecido por escrever artigos em que aplicava conceitos marxistas também à filosofia e à música", comenta Laura Pires (p. 140).

Adorno ensinou na Universidade de Frankfurt durante dois anos, tendo imigrado para a Inglaterra em 1934 por causa da perseguição aos judeus (ele era judeu por parte do pai; a mãe italiana, daí o nome Adorno). Ensinou três anos na universidade de Oxford e, em 1938, partiu para os Estados Unidos. Ali seria professor na universidade de Princeton e também na universidade da Califórnia. Manteve amizade e colaboração intelectual com Max Horkheimer, reconstruindo ambos, no regresso à Alemanha pós-nazi, a escola de Frankfurt. Esta considerava que os indivíduos eram facilmente enganados pelo capitalismo e pelas indústrias culturais.

Na opinião destes filósofos alemães, "as indústrias culturais produziam em série uma massa degradada de produtos pouco sofisticados e sentimentais que substituíam as formas de arte mais «difíceis» e críticas que poderiam realmente levar as pessoas a porem em questão a vida social. [...] Adorno conclui que os media são o produto das «indústrias culturais» que mantêm a população passiva, preservando o domínio do capitalismo e prejudicando a verdadeira felicidade" (p. 141).



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