Coisas e Coisas
SOPCOM FAZ APRECIAÇÃO DO PROTOCOLO DE BOLONHADecorreu hoje de tarde uma reunião da SOPCOM (Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação), no ISCTE, para discussão da aplicação do protocolo de Bolonha à área das ciências da comunicação. Presentes 36 docentes dessa área provenientes de escolas superiores e universidades de diversos pontos do país, incluindo os membros da Comissão que elaborou um relatório para a ministra cessante da tutela do ensino superior. Saliente-se que este texto provocou uma discussão importante no seio da comunidade académica do sector, expressa na sua lista de discussão.
A reunião estava agendada desde há muito tempo. José Viegas Soares (presidente da Comissão e professor da Escola Superior de Comunicação Social) e os seus colegas da mesma comissão explicaram a base do documento, assente em dois grandes parâmetros: 1) perfis e competências, e 2) estrutura e duração dos ciclos. Empregabilidade e mobilidade seriam as duas palavras-chave na altura da encomenda do estudo pedido pela ministra do Ensino Superior. Em articulação com o modo de financiamento do segundo ciclo.
[legenda à imagem, com uma parcela de elementos da mesa, da esquerda para a direita: Paula Cruz, José Viegas Soares, presidente da Comissão, José Paquete de Oliveira, presidente da SOPCOM, José Bragança de Miranda e Eduardo Geada]Opções em cima da mesaComo se leu ao longo do último ano, o Governo português queria apostar num primeiro ciclo universitário de três anos, financiado pelo Estado no caso das escolas públicas, findo o qual o aluno estaria com um grau académico apto para o emprego. O segundo ciclo (dois anos) teria um outro tipo de financiamento, pago pelo aluno. Tal decisão, a acontecer, implica uma forte reestruturação das universidades e politécnicos a nível de fontes de financiamento.
No país, existem 90 cursos de comunicação com designações variadas e com perfis e competências também variados. A Comissão propôs uma uniformização de designações, um modelo de ciclos - apontando para 3+2 (bacharelato ou licenciatura mais mestrado) -, uma não diferenciação entre universidade e politécnico na atribuição de diplomas, uma valoração mínima em termos de cadeiras de comunicação (25%-30%) e um currículo mínimo nacional que servisse de elemento unificador para os variados cursos, pensando fundamentalmente na mobilidade (programa Erasmus).
Após a apresentação dos principais elementos do trabalho da Comissão, Bragança de Miranda, professor da Universidade Nova de Lisboa e membro da direcção da SOPCOM, salientou a necessidade de se olhar a questão do protocolo de Bolonha como sendo de aplicação a três universos distintos: 1) universidade pública, 2) universidade privada, e 3) politécnico.
A sua leitura do documento da Comissão considera os seguintes elementos: 1) uma posição clara pela via profissionalizante, com o primeiro ciclo mais generalista e o segundo (e o terceiro, equivalente ao doutoramento) mais focalizado na investigação, 2) a tipologia dos cursos inseridos num quadro mais geral do tipo de faculdades, pois há as orientadas para a comunicação e as artes e as orientadas para as ciências sociais (e/ou humanas), 3) a importância da duração dos cursos (3+1, 3+2, 3+1+1) marca a designação do grau académico, 4) uma maior flexibilidade em termos de oferta de áreas de opção, dentro da perspectiva de
major e
minor, mas com um conjunto nuclear e fundamental de cadeiras de ciências da comunicação.
Seguiu-se uma longa e frutificante troca de opiniões e sugestões, ficando formado um grupo de trabalho que, a partir do documento da Comissão Viegas Soares, irá introduzir melhoramentos de modo a poder entregar junto do novo Governo uma proposta mais ampla e representativa da vontade da classe. Em simultâneo, a SOPCOM reunirá com colegas espanhóis, a 23 de Abril, para saber como está a decorrer o processo no país vizinho.
É que o Governo terá de negociar em Maio a nível comunitário a inclusão ou não de Portugal no protocolo de Bolonha.
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