Coisas e Coisas


RAMÓN ZALLO – TEXTOS SOBRE INDÚSTRIAS CULTURAIS

Zallo (1992) parte de uma ideia forte – a da cultura se estender aos efeitos económicos. As indústrias culturais entendem-se como o "conjunto de ramos, segmentos e actividades auxiliares industriais e distribuidoras de mercadorias com conteúdos simbólicos, concebidas por um trabalho criativo, organizadas por um capital que se valoriza e destinadas finalmente aos mercados de consumo, com uma função de reprodução ideológica e social".

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Sob este conceito dividem-se em:
1) indústrias de edição descontínua, como as editoriais, fonografia, cinema, edição videográfica,
2) indústrias de produção e difusão contínuas, como imprensa, rádio e televisão, que coincidem com os meios de comunicação,
3) indústrias sem canal autónomo de distribuição e difusão, como publicidade e produção videográfica,
4) segmentos tecnoculturais da informática e electrónica, como informática doméstica e Internet,
5) segmentos culturais da indústria geral como desenho gráfico e industrial ou imagem de produto.

A sequência inerente às actividades de difusão contínua [em fluxo], como a imprensa, rádio ou televisão, ajuda o formato fixo e a programação estável, mas com informação sempre em mudança – no caso da imprensa – e com programas quase sempre distintos – no caso da rádio e da televisão. Nas actividades descontínuas [editorial], de produto, como a indústria editorial, fonográfica e cinematográfica, a repetição com ligeiras variações de fórmulas de êxito, as modas de mudança imediata, a produção em série (serialização), o marketing cultural, a própria concepção de cultura como produto de consumo de uso único e imediatamente descartável, alcançavam uma grande parte da produção cultural. As indústrias culturais têm tendência à serialização e não escapam às determinações do funcionamento e da sociedade ocidental de produção e consumo.

Leituras: Zallo, Ramón (1988). Economía de la comunicación y la cultura. Madrid: Akal
Zallo, Ramón (1992). El mercado de la cultura. Estructura económica y política de la comunicación. Donostia: Tercera Prensa



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