Coisas e Coisas


SIMONE/MARLENE

Vi Simone de Oliveira a representar Marlene (Dietrich), no cinema Mundial (Lisboa), ao lado de Mafalda Drummond e Amélia Videira, com encenação e adaptação de Carlos Quintas.

É uma Marlene já cansada que a peça nos mostra, a recordar grandes êxitos do passado. Em que se entra pelo lado normalmente invisível: o da actriz/cantora no camarim, onde o carácter verdadeiro vem ao de cima. Por um lado, ela aparece volúvel ao jornalista que a entrevista; por outro, revela o autoritarismo para quem está abaixo, como a velha empregada.

Na história, julgo ver algum paralelo entre a representada e a representante, não a personagem violenta mas a mulher que olha para trás e revê o passado, de grandes glórias. Pode dizer-se que a peça se reparte em duas: uma primeira parte em que Simone de Oliveira faz bem o papel de Marlene; uma segunda parte em que a sua voz, agora mais grave, lembra quer as canções do mito do cinema americano (mais que alemão) e também o percurso da própria Simone.

Ainda me recordo de ver Simone de Oliveira a cantar Desfolhada, com música de Nuno Nazareth Fernandes e letra: Ary dos Santos. O poema era denso e polémico: "Corpo de linho/lábios de mosto/meu corpo lindo/meu fogo posto.//Eira de milho/luar de Agosto/quem faz um filho/fá-lo por gosto.//É milho-rei/milho vermelho/cravo de carne/bago de amor/filho de um rei/que sendo velho/volta a nascer/quando há calor.//Minha palavra dita à luz do sol nascente/meu madrigal de madrugada/amor amor amor amor amor presente/em cada espiga desfolhada.//Minha raiz de pinho verde/meu céu azul tocando a serra/oh minha água e minha sede/oh mar ao sul da minha terra.//É trigo loiro/é além tejo/o meu país/neste momento/o sol o queima/o vento o beija/seara louca em movimento.//Minha palavra dita à luz do sol nascente/meu madrigal de madrugada/amor amor amor amor amor presente/em cada espiga desfolhada.//Olhos de amêndoa/cisterna escura/onde se alpendra/a desventura.//Moira escondida/moira encantada/lenda perdida/lenda encontrada.//Oh minha terra/minha aventura/casca de noz/desamparada.//Oh minha terra/minha lonjura/por mim perdida/por mim achada.

Nessa altura, havia um só canal de televisão, a RTP. O Festival da Canção provocaria um grande impacto a nível nacional. Simone era uma estrela da nossa música, então chamada ligeira. Não lhe faltava uma adversária nem romances com homens da rádio e da televisão; só ainda não havia as revistas cor-de-rosa. Mas o tempo passou e Simone manteve-se. Recordo-me de um ainda muito recente programa na Antena 1 ao fim-de-semana, onde se passava música portuguesa. E lembro-me também da sua luta contra uma doença, e pela coragem em assumi-la.



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