Coisas e Coisas


A EMISSORA NACIONAL SEGUNDO NELSON RIBEIRO

O autor distingue três períodos na vida da Emissora Nacional (EN) desde o seu arranque até ao final da Segunda Guerra Mundial: 1) de 1933 a Julho de 1935, 2) de Agosto de 1935 ao final de 1940, e 3) de 1941 a Fevereiro de 1945. Período experimental, posse de António Ferro como dirigente máximo da EN e alteração de programação atendendo à próxima derrota da Alemanha na guerra são elementos determinantes dessas três fases da estação oficial.

Nelson Ribeiro entende que Salazar não deu muita importância à radiodifusão; daí o atraso na constituição da rede de onda curta para irradiar programas e propaganda até às colónias. Contudo, e apesar disso, houve um controlo político sobre todos os que falavam ao microfone, tendo de perfilar o ideal do Estado Novo. Momentos marcantes da EN seriam os começos da Guerra Civil de Espanha (1936) e da Segunda Guerra Mundial (1939). Apesar da neutralidade, a EN tendeu para as forças nacionalistas de Franco e houve uma permissibilidade à transmissão de notícias do país de Hitler.

O estudo agora lançado faz também luz da importância de António Ferro, o ideólogo do regime, o da política do espírito [na imagem, inauguração de navio, com transmissão em directo na Emissora Nacional. Locutor: Fernando Pessa]. Referência às outras estações importantes da época - Rádio Clube Português e Rádio Renascença -, análise da programação da estação do Estado e um forte enquadramento teórico da propaganda como gestora da ideia de emissora do regime são outros dos contributos do livro de Nelson Ribeiro. A meu ver, imprescindível a sua leitura para quem queira estudar o período entre 1933 e 1945, em especial a radiodifusão portuguesa.



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