Coisas e Coisas


A INDÚSTRIA CULTURAL TELEVISIVA COMO FONTE MEDIADORA DE PROCESSOS DE HIBRIDAÇÃO CULTURAL: ESTUDO DE RECEPÇÃO DA TELENOVELA BRASILEIRA O CLONE.

Com este título, defendeu tese de mestrado a aluna Ana Catarina Valdigem, hoje de manhã na Universidade Católica.

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Como ponto de partida, ela procurou identificar os processos de reconstrução cultural de grupos diferenciados, tendo como objecto a recepção da telenovela brasileira O clone (que passou na televisão portuguesa há cerca de dois anos). Este produto televisivo representa confrontos culturais (marroquinos e muçulmanos, com peso profundo e complexo na identificação da religião) e sua reconstrução em termos de sentido de identidade ao nível do Eu e do Outro. Quanto a trabalho de campo, Catarina Valdigem escolheu a comunidade religiosa centrada na mesquita de Lisboa e uma comunidade de Palmela (que ela identificou como não sendo muçulmana), para compreender as redes de sociabilidade e de que modo o género, a ocupação profissional e a escolaridade, entre outras variáveis, são determinantes no processo de recepção da telenovela.

Em termos teóricos, apoiou-se nas teorias da comunicação (nomeadamente Stuart Hall, no seu texto de codificação-descodificação) e nas teorias da cultura. Já nas metodologias aplicadas, usou textos de produção (fotografias e vídeo de promoção da novela O clone) e fez análise de recepção (observação participante e não participante, entrevista semi-directiva e inquérito por questionário). Dos inquiridos, distinguiu a origem das naturalidades, como Moçambique, Brasil, Marrocos e Angola.

Como resultados, a nova mestre apresentou os seguintes: 1) a telenovela é um produto da cultura de massas e de uso doméstico e privado, 2) em termos de percepções, há contaminação de géneros (telenovela e informação) e entendimento da agenda mediática do Islão, 3) formação de discursos de identidade (círculos de identidade relacional, presença entre os que se identificam connosco - Nós - e os Outros). Enquanto pistas de reflexão, Catarina Valdigem apontou para: 1) relação da comunidade islâmica com os media, 2) representações e esclarecimento de apropriações (culturais e de identidade), 3) marginalização das mulheres islâmicas em termos de conhecimento público, 3) interesse em estudar os jovens muçulmanos sunitas de 2ª e 3ª gerações para compreender as suas identidades, 4) necessidade de descontruir as imagens do Ocidente e do Oriente, como se houvesse barreiras visíveis entre um e outro.

Arguência (de grande rigor científico): António Firmino da Costa (ISCTE); orientadora da tese: Isabel Ferin (Universidade de Coimbra); nota atribuída: máxima.



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