Coisas e Coisas
HERBERT BLUMERHerbert Blumer (1900-1987) desenvolveu duas ideias principais: a interacção simbólica e a análise do comportamento colectivo. Blumer, discípulo de George Herbert Mead, cunhou a designação
interaccionismo simbólico como estudo da vida humana. A sua teoria assenta em três princípios: 1) significado – um indivíduo actua perante pessoas e coisas e atribui-lhes um significado preciso; 2) linguagem – permite ao indivíduo um significado que o conduz à negociação através de símbolos; 3) pensamento – consolida ou modifica a interpretação individual quanto aos símbolos.
Em termos de análise do comportamento colectivo, escreveu sobre relações raciais, trabalho e gestão de conflitos, urbanização e cultura popular. A partir destas áreas centrou-se em situações e resultados relativamente não construídos – multidões, massa, e público.
As suas definições resultam preciosas para a compreensão da
comunicação de massa, nomeadamente no momento em que Blumer escreveu o texto (1946), logo a seguir à II Guerra Mundial. Uma das palavras então mais frequentes para cobrir os fenómenos da comunicação de massa era
propaganda, termo aliás que fecha o texto deste sociólogo.
Blumer elenca as características de
massa como: 1) participantes oriundos de todas as profissões e categorias sociais; 2) grupo anónimo (os elementos não se conhecem entre si); 3) pouca interacção ou troca de experiências; 4) organização frágil (p. 177). Quanto ao termo
público designa um grupo de pessoas: 1) envolvidas numa questão; 2) divididas em termos dessa opinião; 3) com discussão a respeito de tal problema (p. 181). Diz Blumer a seguir: “a presença de uma questão, de discussão e de uma opinião colectiva constitui a marca do público”.
Já
opinião pública é um resultado colectivo, não uma opinião unânime e extensível a todo o grupo do público, nem necessariamente a opinião da maioria, mas a tendência central fixada pela concorrência das várias opiniões em jogo (p. 184). Aqui entram os grupos de interesse, que, sobre um dado assunto, emitem uma opinião que pretendem fazer prevalecer no público. Para Blumer, “compreende-se a qualidade variável da opinião pública e a utilização de meios de influência como a propaganda, que subvertem a discussão pública inteligente” (p. 185).
Herbert Blumer trabalhou em Chicago antes de se transferir para a Califórnia, onde foi professor e responsável pelo departamento de sociologia na universidade de Berkeley. Foi também editor e presidente da American Sociological Association, nas décadas de 40 e 50 do século passado.
Leitura: Herbert Blumer (1978). “A massa, o público e a opinião pública”. In Gabriel Cohn (org.)
Comunicação e indústria cultural. S. Paulo: Companhia Editora Nacional (texto de Blumer original de 1946) [o exemplar do livro de Cohn foi-me oferecido por Jorge Guimarães Silva, do blogue A Rádio em Portugal; a minha gratidão]
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