Coisas e Coisas
4º CONGRESSO DA SOPCOM (IV)A mesa de jornalismo decompôs-se em quatro sessões ao longo dos dois dias (24 comunicações de investigadores de Portugal e do Brasil). Eu não pude presenciar tudo, até porque era um dos coordenadores da mesa de comunicação e política, conjuntamente com o João Carlos Correia (UBI).
Mas, do que vi e sabia anteriormente, acho que é uma área de investigação de grande crescimento, o que me regozija muito. Destaco - sem ser injusto para com outros trabalhos - os das jovens investigadoras Marisa Torres da Silva (
As "cartas ao director" no jornal Público: um estudo de caso), Vanda Calado (
Mediação jornalística dos eventos partidários: lógicas de mediatização do campo jornalístico), Luísa Ribeiro (
A redacção de um diário regional católico como espaço de socialização), Daniela Bertocchi (
Géneros jornalísticos em espaços digitais) e Ana Martins (
Da caixa mágica à caixa de Pandora - repensar os poderes e os limites da TV. O caso da SIC Notícias).
E dos investigadores seniores saliento Fernando Correia e Carla Baptista (
Anos 60: um período de viragem no jornalismo português), Ana Cabrera (
O papel dos jornalistas no marcelismo) e Joaquim Fidalgo (
Jornalistas na busca inacabada de identidade).
Estes trabalhos, em grande parte, resultam de projectos académicos, como teses de mestrado e doutoramento; dois deles são projectos de investigação sediados no Centro de Investigação Media e Jornalismo (CIMJ). Há uma pluralidade de metodologias, indo da análise documental - como eu fiz na minha comunicação à mesa - a entrevistas e inquéritos e observação participante.
Fico pela apreciação sumária de um dos acima citados, pertencente a Daniela Bertocchi (gostaria de falar também do excelente trabalho de Ana Martins, mas não tomei as notas suficientes). Eu ouvira-a falar em Janeiro passado e encontro um grande desenvolvimento e amadurecimento desde então. Bolseira na Universidade do Minho e participante no projecto Mediascópio daquela universidade, ela está a estudar os géneros jornalísticos no digital. Ganham pertinência as perguntas: que formatos tradicionais vão para o digital? Ou, em vez disso, há uma classificação nova nos géneros digitais? Num blogue, por exemplo, misturam-se notícias breves com reportagens ou crónicas. Mas não nos apercebemos ou não as enquadramos como se faz num jornal, que tem destaques, colunas, títulos, tipo de letra diferente, filetes. Para ela, um blogue não é um género mas um suporte onde cabem vários géneros. E, num esquema que mostrou mas eu não consegui reproduzir totalmente no papel, fala em género
impresso (jornal, as notícias do telemóvel, a publicação de arquivos) e em género
dialógico (o bate-papo num chat, que também se pode aplicar à rádio).
Nota suplementar 1: os trabalhos da mesa foram coordenados por Cristina Ponte (Universidade Nova de Lisboa) e Jorge Pedro Sousa (Universidade Fernando Pessoa).
Nota suplementar 2: o jornalismo constitui um grupo de trabalho (GT) dentro da SOPCOM (Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação, fundada em 1997); os coordenadores deste GT são Manuel Pinto (Universidade do Minho), Jorge Pedro Sousa (Universidade Fernando Pessoa, Porto) e eu próprio, eleitos em assembleia do GT durante o congresso. Em havendo interessados em aderir ao GT ou simplesmente saber o que estamos a fazer é contactar um de nós.
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