AFINAL, O CAMPO PEQUENO NÃO VAI FICAR TÃO BONITO COMO EU PENSARA
Já abriu uma loja na zona comercial da praça de toiros do Campo Pequeno, aqui em Lisboa. Não gosto nada do acesso. Como se consegue perceber na primeira imagem, perde-se a visão da imponência da própria praça, com a abertura exagerada de uma entrada, que nem sequer respeita os materiais existentes previamente, o tijolo.
Trata-se de vulgar entrada para um centro comercial! Não há, na câmara de Lisboa ou nas entidades oficiais, quem tenha bom gosto e impeça obras pirosas como esta?
Já bastava o mamarracho do edifício-sede da Caixa Geral de Depósitos, no topo leste do Campo Pequeno, e o centro comercial Alvaláxia no não muito distante Campo Grande (topo norte) como marcas de fealdade de uma cidade europeia que era bonita, para termos agora uma revitalizada praça de toiros com um acesso para a galeria comercial característico de um espaço suburbano. Sem falso orgulho, a praça de toiros aberta ao público em 1892 é (era) das mais bonitas de todo o mundo. No acesso à loja de brinquedos Centroxogo ainda existe um painel com várias imagens do novo Campo Pequeno (com obras previstas até à Primavera de 2006), mas perdeu-se a minha ideia romântica do espaço. Agora, a realidade mostra-se muita mais feia que as imagens trabalhadas em computador.
Sem ser uma crítica ao espaço comercial de brinquedos, pois a decisão do acesso de mau gosto é anterior à implantação da loja, recupero um artigo de Céu Neves, intitulado Brinquedos e decorações lideram prendas no sapatinho, saído no Diário de Notícias, de 27 de Novembro último, sobre o Centroxogo: "continuam a ser os brinquedos os grandes responsáveis pelo aumento de negócio na época natalícia. Neste segmento, as novas tendências têm uma vertente didáctica e multimedia, como os jogos com CD-ROM, CD, DVD e MP3". Mais à frente, a jornalista fala das várias grandes superfícies como a Toys'R'Us mas também da "Centroxogo, empresa espanhola de comercialização de brinquedos com oito lojas em Portugal, a última das quais recentemente instalada em Lisboa. Os artigos não são mais baratos, mas há brinquedos de «marca branca» a custos baixos".
Visitei a loja ao fim da tarde de hoje, aproveitando para fazer as fotografias acima colocadas. Trata-se de um espaço com muita procura - claro que estamos a dias do Natal e o momento, apesar da crise económica, é de comprar prendas. Vi muitos produtos baratos, quase todos oriundos da China. Por exemplo, pistas de automóveis com licenças de marca (como a BMW) mas produzidas naquele gigantesco país asiático. E também a Barbie. Além disso, muitos dos brinquedos remetem para memórias recentes do cinema, da televisão e dos videojogos, numa mistura de indústrias culturais em que os brinquedos são o último elo da cadeia imaginária dos consumidores.