Coisas e Coisas


LANÇAMENTO DE LIVRO DE JOSÉ TENGARRINHA

O professor José Tengarrinha lança hoje o seu livro Imprensa e opinião pública em Portugal, integrado na colecção de livros de comunicação da editora MinervaCoimbra, colecção dirigida por Mário Mesquita. O lançamento é às 18:30, no El Corte Inglés, em Lisboa.

Constituído por trabalhos inéditos e outros publicados em revistas e actas de congressos em Portugal e no estrangeiro, como Tengarrinha escreve na introdução, o livro tem doze capítulos e apêndice (com fichas de jornais que transitaram do século XIX para o XX e texto sobre o dicionário jornalístico português de Augusto Pereira).

Do olhar pelo índice, encaminhei-me para o último capítulo, aquele que aborda a imprensa no Estado Novo. São 28 páginas; logo, uma síntese, a abrir o apetite para outros trabalhos que se esperam dos historiadores. Do seu capítulo, retiro alguns dados avulso: em 1926, antes da ditadura que conduziu ao Estado Novo, havia 17 jornais diários em Lisboa! Isto sem ter em conta a profusão e riqueza de jornais regionais. Após a criação do Secretariado de Propaganda Nacional (SPN), com António Ferro à frente, a partir de 1933, passa a existir um controlo dessa imprensa, com Tengarrinha a assinalar a situação dos media impressos distrito por distrito. Estas páginas parecem-me, da leitura em diagonal que fiz, de uma grande importância para estudos futuros.

Já a inflexão nos anos 40 (pós-segunda guerra) e o período marcelista, a rádio e a televisão e a "opinião pública" em Salazar e Caetano aparecem em esboço, igualmente a servir de aperitivo para outros trabalhos futuros de José Tengarrinha ou outros investigadores. Em especial o estudo de Marcelo Caetano, A opinião pública no Estado moderno, de 1965, que merece ser discutido e contextualizado na época, nomeadamente a partir da exposição 30 anos de cultura, que o próprio ministro da presidência e futuro primeiro-ministro concebeu em 1956.

Observação final: na edição de hoje dos dois jornais de referência de Lisboa, o Público dá maior ênfase ao livro de Tengarrinha, com quase uma página inteira dedicada ao livro. No texto de António Melo (Público), relevam-se as quatro fases da opinião pública mediatizada em Portugal segundo Tengarrinha: 1) formação do regime liberal (1820), 2) confrontos na sociedade liberal (1840), 3) turbulências políticas pós-ultimatum, 4) falência da Primeira República e advento do Estado Novo.



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