Coisas e Coisas
MULHERESOs filmes
Voltar, de Pedro Almodóvar, e
Paraíso, agora, de Hany Abu-Assad, não têm semelhanças de conteúdo. A única aproximação possível é a do blogueiro os ter vistos um a seguir ao outro.
Há, contudo, uma ligação: o papel representado pelas mulheres. No filme de Almodóvar, o universo é feminino, com os homens a surgirem apenas como procriadores. Os problemas resolvem-se no seio das mulheres, a entreajuda processa-se entre elas, o "lavar a roupa suja" faz-se dentro de casa. A morte, a alegria, o trabalho, o reencontro, toda a vida, ocorrem no mundo feminino.
Quanto ao filme de Abu-Assad, a mulher chama a atenção dos homens prontos para o martírio (suicidas), propondo uma alternativa. Apesar de não ser escutada pelo homem que ama, levanta questões, tem uma posição de melhor bom senso.
Gostei imenso dos planos iniciais do filme de Almodóvar, quando as mulheres lavam e limpam as campas dos seus mortos e, até, as dos que ainda não morreram mas já reservaram espaço. Parece teatro ou ópera, tem a luz forte de um dia muito luminoso, conjugado com o vento, e a azáfama e as conversas das mulheres preparam o espectador.
Já no filme de Abu-Assad, quando os dois jovens amigos estão a fumar num cachimbo de água e bebem chá, olhando a cidade a uma luz de fim de tarde, também muito luminosa, percebe-se o curto espaço de liberdade e de imaginação que lhes resta. Se as mulheres de Almodóvar actuam, mesmo cuidando dos desaparecidos, os jovens de Abu-Assad olham o indefinido à espera da morte (aparentemente gloriosa, com anjos à sua espera, como diz o professor-ideólogo num primeiro momento de descrença do martírio).
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