Perspectivas...

E então, durante o processo de "descongelamento", existe um momento em que poderemos identificar se a pessoa será capaz de "sentir" as coisas como fazia antigamente. Este momento, que para alguns pode ser considerado definitivo em relação à qualidade de vida do participante da experiência, nós chamaremos de "renascimento" (em inglês usaremos o termo "reborn").

Alguns teóricos julgam que a qualidade do renascimento vai influenciar diretamente as escolhas que o indivíduo fará em seu período de vida estendido. Outros, preferem não se pronunciar sobre este assunto porque julgam não haver base teórica (ou mesmo de dados) suficiente para realizar afirmações sobre esta técnica.

O que sim, podemos afirmar com clareza, à luz das experiências já presenciadas, é que dificilmente os participantes desse procedimento mantém os mesmos posicionamentos políticos/ideológicos/religiosos que possuíam anteriormente.

Alguns deles descrevem experiências fascinantes - quando olhadas como ficção - envolvendo uma nova percepção sobre o mundo e a realidade. Expressões como "Eu hoje enxergo a vida de outra forma" ou "O amor é a única coisa que sobrevive" são constante usadas para expressarem uma mudança de paradigma entre o estado anterior à experiência e o adquirido recentemente.

Outros, no entanto, tornam-se céticos e não conseguem se desvencilhar da sensação de "congelamento" pela qual passaram. Estes (que passaremos a chamar de indivíduos Frozen) costumam usar muito frequentemente a seguinte frase: "Não há nada lá!".

Numa perspectiva biológica, não há diferenças marcantes entre os indivíduos Frozen e os indivíduos Hopeful (aqueles que "reacenderam suas crenças ao passar pela experiência"). Talvez seja possível assinalar uma mudança de temperatura (de aproximadamente 0,25 graus Celsius) para mais ou para menos, dependendo da situação.

Ao contrário do que as palavras parecem expressar, os indivíduos Frozen é que costumam ter um aumento em sua temperatura corporal. Estando com o corpo em um patamar mais elevado, costumam "sentir mais frio" (obviamente nos referimos à sensação térmica empírica) e uma constante sensação de congelamento (outra razão para a nomenclatura).

Os indivíduos Hopeful, por outro lado, por sua temperatura corporal menor, facilmente percebem o calor. Seja em contato com o próprio clima e/ou nas relações de proximidade com outros indivíduos.

Um indivíduo Hopeful sente extremo prazer (físico) em aproximar-se de um indivíduo Frozen. Infelizmente, a recíproca não é verdadeira. A temperatura corporal dos indíviduos Hopeful costumam espantar os indivíduos Frozen. A relação costuma, então, tornar-se maléfica para ambos, uma vez que o desejo e a repulsa são sensações antagônicas (pelo menos dentro de uma perspectiva biológica).

Mas, voltando ao momento Reborn, não há nenhuma explicação científica (seja ela teórica ou empírica) que nos ajude a entender e/ou explicar porque os indivíduos se tornam o que se tornam. E embora tenhamos a perspectiva biológica (diferença de temperatura corporal) para nos guiarmos nessa "qualificação" à qual categoria os indivíduos "pertencem", a regra nem sempre se aplica.

Os próprios indivíduos se auto-classificam a partir das "sensações" que experimentam durante sua nova extensão vital. Vários indivíduos Frozen fazem questão de dizer que são Hopeful (e vice-versa).

Em um estudo muito recente (e portanto, sem nenhuma validade científica) várias explicações são apontadas para este fenômeno. Algumas explicações dadas pelos próprios indivíduos estão sendo catálogadas, entre elas podemos citar:

- Toda minha família é Frozen, eu não posso ser outra coisa!
- Eu mudo de acordo com as estações... às vezes sou Frozen, às vezes sou Hopeful.
- Minha esposa é Hopeful...
- Eu nasci assim...

(...)

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