COMUNICAÇÃO POLÍTICA
Coisas e Coisas

COMUNICAÇÃO POLÍTICA



A European Science Foundation (ESF) é a associação europeia de 78 organizações nacionais de investigação científica cobrindo 30 países. Iniciada em 1974, a ESF tem uma linha de investigação dedicada aos media: Changing Media - Changing Europe.

O programa está dividido em quatro áreas, a primeira das quais envolve a tensão entre cidadania e consumismo - a relação entre media, esfera pública e mercado. A segunda área centra-se na dicotomia cultura-comércio e o conflito entre aspirações culturais e imperativos comerciais. A terceira área diz respeito aos problemas da convergência e fragmentação no desenvolvimento das tecnologias dos media ao nível europeu global. Finalmente, a quarta área relaciona-se com os media e as identidades culturais, em termos de género, etnia, estilos de vida, diferenças sociais.


Há dias, fiz uma referência a um volume dedicado a audiências e públicos e a que retornarei brevemente.

Hoje, destaco o terceiro volume dessa série, editado nas últimas semanas, intitulado The professionalisation of political communication e organizado por Ralph Negrine, Paolo Mancini, Christina Holtz-Bacha e Stylianos Papathanassopoulos.

Os autores entendem que a comunicação política se profissionalizou, atendendo a pontos tais como novas técnicas de sondagem, spin doctoring (produção de eventos políticos e documentos para os media), marketing. O uso de consultores e gestores de comunicação e imagem e o recurso a sondagens e grupos de discussão (focus groups) fazem parte das modernas campanhas eleitorais, dentro do chamado paradigma da profissionalização da comunicação política.

Verifica-se, com o declínio da militância nos partidos políticos de massa, a necessidade de confrontar eleitorados, pelo que se torna preciso criar modos de persuadi-los e mobilizá-los. Neste aspecto, os media adquirem uma posição cada vez mais fundamental na criação de agendas de acontecimentos que prendam a atenção de cidadãos sem ligações específicas a essas estruturas partidárias. Isto quer dizer que venceu a lógica dos media. Alguns exemplos: na Itália, Silvio Berlusconi, "Sua Emittenza", tornara-se primeiro-ministro porque controlava os media televisivos; na Alemanha, Gerhard Schröder ficou conhecido como o chanceler dos media; na Holanda, o político populista Pim Fortuyn aumentara a sua popularidade ao usar a televisão com um estilo e cultura próprios; em Portugal, dois primeiros-ministros seguidos, Santana Lopes e José Sócrates, ganharam reconhecimento popular após o aparecimento nos ecrãs televisivos em programa semanal de comentário político.

Tudo isto conduziu a uma centralização de actividades de comunicação, escrevem Negrine e os seus colegas. A que leva ao nascimento de um novo público, sujeito à persuasão de massa através de publicidade sistemática, lóbingue e outras formas de manipulação (Negrine et al., 2007: 27). A profissionalização significa uma mudança no campo da política e da comunicação que, explícita ou implicitamente, se traduz numa mais eficiente organização de recursos e capacidades para alcançar os objectivos planeados.



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