Coisas e Coisas
AVALIAÇÃO DAS NOTÍCIAS PELA ERC
O projecto da ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social) de avaliação do pluralismo político-partidário na televisão pública colheu a minha concordância no último programa da RTP 2, Clube de Jornalistas, emitido anteontem.
Partindo do princípio da não existência de avaliação sistemática da programação televisiva, a ERC propõe-se fazer uma análise de conteúdo aos noticiários da televisão pública para percepcionar a distribuição em tempo dos partidos políticos e do Governo. O documento da ERC indica tratar-se de uma monitorização extensiva ao universo de notícias e programas de informação política.
Assim, a partir das imagens dos noticiários e programas de informação fornecidas pela Marktest, a ERC dedicará atenção à classificação do conteúdo, com base em 17 variáveis, expressas no documento.
Da grelha de análise, parece-me difícil classificar as notícias (ou peças, como surge no documento) a partir de indicadores como tom/valência (posição negativa, positiva ou neutra com que é apresentado o protagonista da notícia), posição no alinhamento e audiência (cruzamento da audiência com a notícia). Também julgo ser útil contabilizar a intervenção de movimentos sociais e grupos de cidadãos (flexibilizando as percentagens - ou quotas, como se falou no programa - atribuidas aos partidos políticos). E, para além da televisão pública, o serviço deveria estender-se às televisões privadas.Existe um problema político inicial. A ERC é uma entidade necessária, mas ela ficou dependente dos dois principais partidos políticos do país, que gizaram a nomeação dos seus membros. Qualquer actividade que a ERC faça é vista com desconfiança pelos restantes partidos - e até por movimentos sociais. O único remédio é a acção positiva, pedagógica, de trabalho sério a desenvolver, para calar vozes discordantes. E este projecto pode ser útil no desenho da confiança e respeito pela ERC. O país precisa de informação adequada, sem pôr em causa a liberdade de informação e de expressão.
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