Às vezes...
Coisas e Coisas

Às vezes...


Às vezes, a vida acontece tão rapidamente que é necessário olhar as coisas com mais atenção para poder compreendê-las.
Às vezes, o efeito de câmera lenta que vemos nos filmes não são meramente ilustrações para se obter maior carga dramática.
Às vezes, a vida não passa de uma grande piada.
Ou, quem sabe, a morte é que seja a piada.


Imaginem a cena.
Num momento você está recebendo um prêmio muito importante por todas as suas colaborações para toda uma comunidade.
Você é o centro das atenções.
Você, num terno azul marinho.
Você, num sorriso que demonstra toda a sua alegria e satisfação.


Continuem imaginando.
No momento seguinte você está recebendo uma bala que vai atravessar a sua garganta e espalhar seu sangue na camisa do prefeito.
Você ainda é o centro das atenções.
Você, com seu lindo terno azul marinho comprado para a ocasião.
Você, com sua cara de espanto que demonstra que não está entendendo porra nenhuma.

A última coisa que você consegue enxergar, antes de fechar os olhos e começar a apagar definitivamente, é a arma que te atingiu na mão de uma mulher.
Muita câmera lenta nessa hora.

Antes de morrer você ainda tem que se dar conta de que a sua vida só terminou porque você é um bosta.
Antes de morrer você ainda tem que se dar conta de que isso tudo só está acontecendo porque sua maldita boca grande não consegue controlar todo o lixo que sai de dentro dela.
Antes de morrer você ainda tem que rezar um bocado e tentar se arrepender de todos os seus pecados.

Dizem que a vida inteira da gente passa diante de nossos olhos no momento anterior a nossa morte. Dizem. Comigo não aconteceu assim. Desde o momento em que percebi que tinha sido baleado até o momento em que as coisas começaram a ficar todas sem cor, eu só conseguia me lembrar de uma coisa. Do dia em que eu te falei que tinha uma amante. Talvez porque ver você com minha antiga arma na mão, apontando pra mim, exatamente no dia mais importante da minha carreira, não era realmente o que eu podia chamar de “reação aceitável”. Claro que a culpa foi minha.
Eu devia ter imaginado que você não ia se contentar com “Eu tenho uma amante”. Eu devia ter esperado por “Quem é a vagabunda?”. E até mesmo por “Se você me deixar, eu vou te matar. Você e essa piranha!”.

Frases de efeito.
Roteiro de filme B.
Reação típica e melodramática.
Eu pensava.

E é nessas horas, quando você não está conseguindo respirar porque uma bala arrancou um pedaço da sua traquéia, que você se dá conta de que nem todo mundo está preparado para ser abandonado.

Algumas pessoas são demasiadamente apegadas ao passado. Algumas pessoas acham que tem direitos só porque te agüentaram quando você era um estudantezinho fudido sem grana e pegaram dinheiro dos pais para ajudar a pagar o aluguel. Isso, claro, há 30 anos. Mas essas pessoas acham que o simples fato de ter dividido a miséria é motivo suficiente para continuar mantendo um casamento de fachada. As pessoas, no caso, é a mulher com a arma na mão. A sua mulher. Aquela que não engoliu direito a história da amante.

Para ela, não bastava que você pagasse uma pensão absurdamente alta e mantivesse todos os luxos que ele pudesse imaginar. Não bastava que você bancasse até o salário do motorista que, pelo valor, deveria estar prestando outros serviços além de dirigir o carro zero que você também tinha pago. Não. Ela queria continuar sendo a ESPOSA.



“Se você tivesse me trocado por uma mulher mais jovem, eu pelo menos teria o que dizer para as minhas amigas!” ela gritou naquele dia em que eu tinha sido o boca grande imbecil. Eu deveria ter me dado conta de que “Quem é a vagabunda?” era uma pergunta retórica. E que “Se você me deixar, eu vou te matar!” nem sempre é uma frase de efeito, largada em um momento de ódio.

Às vezes, a vida não passa de uma grande piada.
Ou, quem sabe, a morte é que seja a piada.
Pelo menos, para mim, não foi.



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