Coisas e Coisas
A TELEGRAFIA E A RÁDIO SEM FIOS DE ROBERTO LANDELL DE MOURA
Já tinha lido informações sobre os inventos do padre Landell de Moura, nomeadamente no blogue A Minharadio, de António Silva. Por exemplo, a 1 de Dezembro último, este blogueiro dava conta de que "A editora Debras Verlag, da cidade de Konstanz, Alemanha, está a lançar o livro
Pater und Wissenschaftler (
Padre e cientista), de autoria do jornalista brasileiro Hamilton Almeida, que relata a fascinante e dramática história do cientista gaúcho Roberto Landell de Moura (1861 - 1928)".
Recentemente, Jorge Guimarães Silva, do blogue A Rádio em Portugal, fez-me chegar a cópia de um livro de Arnaldo Nascimento e Murillo de Sousa Reis, editado em 1982, com o título
Subsídios para salvar uma dívida (Porto: Tipografia Costa Carregal), onde é narrada a vida do padre Moura e as suas experiências.
Nascido em 1861 em Porto Alegre (Brasil), seguiu a vida sacerdotal mas também fez o doutoramento em Física e Química.
No seu post de há um mês atrás, António Silva elaborou um pequeno percurso da vida de Landell de Moura, "precursor do rádio, da televisão e do teletipo, entre outras notáveis descobertas. Foi quem transmitiu, pela primeira vez no mundo, no final do século XIX, a voz humana à distância através de uma onda electromagnética. Apesar da sua genialidade, não recebeu apoio de ninguém, foi ignorado e perseguido. Quis unir a religião à ciência e acabou acusado de ter pacto com o diabo. Patenteou os seus inventos no Brasil e nos EUA, realizou experiências e, ainda assim, não foi reconhecido na sua época. No Brasil, chegaram a destruir os seus aparelhos e impedir os seus estudos".
Diz o livro de Arnaldo Nascimento e Murillo de Sousa Reis: "Estas teorias valeram graves ultrajes, que o marcaram para toda a vida. Em 1900, testemunhada por várias autoridades brasileiras, criou a lâmpada de três eléctrodos que servia tanto para transmitir como para receber mensagens telefónicas e telegráficas, sem fio condutor. Só depois de seis anos, em 1907, Lee de Forest apresentava ao mundo a «sua» célebre «lâmpada de três eléctrodos». Em 1910 patenteia no Brasil sob o número 3279 um «aparelho apropriado à transmissão da palavra à distância, com ou sem fios, através do espaço, da terra e da água»" (p. 16).
Landell de Moura foi inclusive aos Estados Unidos, para patentear as suas invenções (transmissor de ondas, telefone sem fios, telegrafia sem fios), durante 1904. Porém, sem dinheiro para pagar a desenhadores e mecânicos, que transformassem os seus projectos em instrumentos práticos e úteis, o seu conhecimento foi ignorado, ao contrário de Marconi, que recebia honrarias de muitos e dinheiro das empresas e dos governos [mas outros inventores também passaram ignorados toda a vida ou sofreram rudes golpes, como o próprio Lee de Forest].
Regressado ao Brasil, o padre Moura julgava ser acolhido com sucesso, após a publicação de notícias sobre os seus inventos nos jornais dos Estados Unidos. Mas não: os jornais do seu país não deram qualquer relevo e o presidente da República não respondeu a uma carta que o inventor lhe enviara.
Observação: as imagens foram retiradas do livro publicado por Arnaldo Nascimento e Murillo de Sousa Reis.
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